Formação Identitária do Filho

O vínculo entre pai e filho se constrói na relação, à medida que o pai, vai ao encontro com o filho, no sentido de formar-se humanamente, enchendo o tanque emocional desta criança que clama, mesmo que na sutilidade, espera ser saciada em seus anseios.

A criança busca sentido de vida e precisa deste apoio paternal para criar seu mundo interno que quer desabrochar, tem a necessidade de sentir-se alguém, que vive com significado naquilo que se constrói e se modifica à partir desta construção.

O Pai é modelo para a busca do ser identitário do filho, através da experiência do contato com o pai é que o filho estabelece os vínculos maduros de ser pessoa, tendo a segurança que há proteção e acolhimentos para se desenvolver e crescer com autonomia.

A identidade do filho se revela no quem é este ser que se constitui até o momento e pela condição humana se refaz ao longo da estrada de tornar-se o que é, vive-se por descobrir, a cada passo, a cada movimento, um encontro consigo para subir no degrau do aperfeiçoamento enquanto pessoa, que acredita no crescimento espontâneo do organismo através da autenticidade de ser o seu sentimento, de aceitar seus afetos congruentemente.

Para ser Pai é preciso que se tenha um filho, e o ter neste sentido é o de responsabilidade por este (a) que está por vir, um ser que nasce, se descobre no mundo, surge com suas potencialidades e vai se descrevendo no ser que se cria a si mesmo, sempre com a possibilidade de ser diferente, contando com sua experiência no agora da relação que tem a oportunidade de transformação, ao se confrontar com a luz que reflete sobre sua verdade e aceitar este processo como caminho de busca identitária e personalização humana.

A palavra personalidade, vêm do latim persona, que significa a máscara que os gregos utilizavam para representar um personagem, logo, o processo de tornar-se pessoa é emprestar dessa máscara, para desempenhar os diversos papéis que vivenciamos em nossa vida.

Somos naturalmente artísticos, artista que empresta arte em quem chega e ao final perceber a concretude desta materialidade para ter acesso ao específico daquilo que toca e faz ser gente a partir deste movimento.

Ninguém está livre da máscara, mas há formas de escolher o destino pela qual ela pode ser direcionada, partindo da perspectiva de que esta, superficializa nos esconderijos e segredos, que na vitimização consegue obter o que se quer, cria-se então, um eu ideal, irreal, mas se, no inverso, utilizar da mesma para crescer espontaneamente, visando o real significado do projeto existencial de cada indivíduo, de ser o que é, então descobrirá que pode usufruir deste artifício para o benefício tanto de si como do outro.

O Pai tem o dever de proporcionar esta responsabilidade para o filho, no conjunto da obra do desafio de ser pessoa, a relação do ser identitário, passa por este pólo, ser o que se é, por consequência ter a capacidade de se disponibilizar para o outro, é preciso que o Pai construa esta casa sobre a rocha, se não, o processo se compromete, causando interrupções no desenvolvimento humano.