O homem anseia por completude, se encontrar, sua busca por aquilo que é essencial em sua vida é contínua, na luta por satisfazer-se interiormente, acaba misturando alguns termos e se perdendo na forma de conduzir o vivido.
A uma preocupação no mundo globalizado e repleto de estímulos, onde se valoriza a ferramenta, o produto, o que “precisamos para”, e que de fato nossa visão se torna pequena olhando por um aspecto causalista, onde a resposta é pronta, rápida demais, superficial. O foco acaba sendo outro, o questionamento é muito do que “preciso ter para ser tal coisa ou se chegar a algum objetivo”.
O propósito do homem dentro da perspectiva existencialista é de construção enquanto ser humano, no fundamento do ser para o encontro daquilo que é, ao contrário do que se vê na atualidade, desmistificar e quebrar um paradigma que foi sendo instalado na sociedade de que ser feliz só se conquista “de uma forma”.
Importante ressaltar o ser enquanto algo que se constrói, solidifica ao longo do caminho na existência humana, o trabalho que se tem em educar filhos é, antes em primeira instância, o convite a ser pessoa, homem, resgatando sua individualidade, liberdade, autonomia de vir a ser o que se é.
Antes de exercer os diversos papéis que venha a desempenhar perante a sociedade e a própria família, o desafio de ser pessoa, é e está no encontro consigo, a identidade que vai se formando, pois o fim é o definitivo, que se encerra, e o projeto de ser homem na vida só termina com a morte corporal.
A partir da existência que a pessoa se constitui, descobre-se enquanto ser humano, percebe o mundo de forma bem particular e é validado através do contato estabelecido com o outro, que não é só pessoa física, mas, todo e qualquer detalhe que toque o nosso ser no sentido de dar-se conta, conscientizar do eu que se presentifica a todo instante no fenômeno do reconhecer-se, sendo atualizado no aqui agora.
A todo momento se escolhe, decide na vida, é preciso, constante, por vezes imediato e com um grau elevado de exigência; o indivíduo é fruto de suas escolhas e consequentemente responsáveis por ela, o problema são as experiências colhidas como forma de resultado por escolhas mal sucedidas, precipitadas.
A responsabilidade em assumir os atos, são grandes, não somente no sentido de tomar para si a causa, mas de dar conta de toda problemática que cerca a situação, pensando sempre em contexto, pois no texto que se apresenta sempre nos bastidores da vida há um todo que justifica e no inverso obscuro de tudo isso, pode ser que se extraia o valor que é subestimado, por olhar a causa como principal e não seus efeitos.
Se o indivíduo não for dele mesmo, como será de alguém? Humanizar-se vem do ato de construção humana como um projeto que não fecha em si mesmo, não se conclui, pois não existe ser humano pronto, o que existe é um ser subjetivado que recebe influência social, histórica, cultural dentro da existência do homem e pelo homem o projeto de devir continua, se reinventa, dá uma nova estrutura, forma síntese que não é estática, mas dialética, a ideia é de reconstrução, caso contrário, o homem fica enclausurado, fechado em seu mundo, sem substância, muito menos existência.
Portanto, existir é uma possibilidade, que se concretiza à medida que se constrói enquanto pessoa, só existe a partir do momento que se cria, se encontra e que nunca termina, sempre há algo a ser revisto, melhorado, aperfeiçoado.