O Sentido de Pertença na Família

Ser compreendido é bom e necessário, sentir que o outro compreende melhor ainda, quando se é reconhecido e aceito em seu entendimento, flui dentro de si um sentimento de pertença, como se fizesse parte de um determinado grupo específico.

A família é o lugar onde nasce o sentido de pertença, onde se vincula e cresce, leva vida aos cinco sentidos e se tem uma história marcante e profunda com a experiência organísmica à partir do sentir aceito, amado, escolhido para estar, fazer parte, pertencente a este lar.

A personalização humana começa com este primeiro passo, de ser aceito, protegido, seguro num ambiente acolhedor onde é proporcionado o desabrochar do indivíduo que chega, nasce, com a expectativa de ser pessoa pela apropriação da cultura e do sentir-se dentro, implicado neste mundo, com o sentimento de pertença, à criança vai internalizando a sensação de estar acompanhada, segura sob o aspecto concreto da vida, que mais tarde será colocada à prova pela experiência corporal, empírica e vivencial.

O sentido de pertencimento na família deve ser entendido amplamente, nas esferas da afetividade, cognição, intelecto, social e no desenvolvimento humano do filho desde seu nascimento.

Como seres sociáveis, o indivíduo precisa deste afeto, sente necessidade, pois ninguém vive sozinho, enclausurado, fechado em si mesmo e se ocorrer da pessoa se isolar, o tempo encarregará de seu adoecimento.

A busca desenfreada do filho pelos prazeres exagerados da carne, a falta de limite, o vazio existencial, a falta de sentido de vida, o homem sem direção, é que não soube ou não se vinculou há um pertencimento no seio familiar, diversas patologias são produzidas, fruto da ausência de pertencimento, vive-se, corre-se tanto e a sensação de não ter saído do lugar, pois não tem para aonde ir, quem nunca soube ou não teve a oportunidade de estar.

Quando não há pertencimento ao ambiente família, como um membro participativo, atuante, com funções claras, a uma sensação de vazio interior, algo está faltando, por mais que se faça, nunca é o suficiente, busca-se neuroticamente se satisfazer em seus anseios se perdendo no fazer, confundindo sua liberdade com permissividade para fazer o que bem entender, sem limites, segue caminhando por caminhar, sem nexo nessa estrada perigosa e muitas vezes tortuosa.

A família é o lugar em que sempre deve-se ter a oportunidade de voltar, resgatar as origens, quem se é e saber a atual condição que se encontra, é um lugar de reconhecimentos, quando se está perdido, é na origem que é resgatado a potencialidade de vir a ser, é o termômetro que impulsiona em busca de significado na vida.